Ibope aponta que 90% dos brasileiros desejam gerar a própria energia

Gráfico Ibope

Oitenta e quatro por cento dos brasileiros entrevistados pelo Ibope e pela Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia) consideram a energia elétrica cara ou muito cara.

Segundo a Abraceel, o valor pago pelos consumidores tem se tornado mais evidente nas despesas das famílias e aumentando o seu descontentamento.

Em 2014, ano em que foi a realizada a primeira pesquisa, o volume de entrevistados que consideravam a energia cara ou muita cara era de 67%.

No entanto, o percentual de insatisfeitos em 2020 foi menor que os 87% do ano passado. Neste ano, a pesquisa ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do país, entre os dias 24 de março e 1º de abril.

“Os resultados apontam um crescimento constante no interesse do brasileiro em ter liberdade de escolha. O Brasil não pode caminhar na contramão do mundo. Países desenvolvidos abriram seus mercados de energia e desfrutam de uma economia e de um crescimento de produção que o nosso mercado também merece”, comenta o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros.

A pesquisa apontou que 82% dos entrevistados da região Nordeste considera a energia elétrica cara ou muito cara. A média nacional ficou em 80%. A região Sul foi a que apresentou menos adesão, com 76%. O levantamento ainda mostra que, quando analisada a renda familiar, o sentimento em todo o país é que a energia é muito cara para 37% que recebe cinco salários mínimos e 49% quando a renda é de um salário mínimo.

Impostos altos e falta de concorrência foram apontadas como as principais causas para a eletricidade ser considerada cara independentemente da faixa etária, nível de escolaridade, região do país, porte do município ou renda. Apesar de ser a grande maioria, o estudo mostra ainda que os maiores índices de adesão ao mercado livre de energia estão entre as pessoas com maior nível de escolaridade e renda familiar.

“A Abraceel entende que se faz necessário popularizar o entendimento do mercado livre de energia. Para muitos, compreender o sistema ainda é uma barreira e é pouco divulgado. Isso fica claro nesta pesquisa. Quando analisamos um país com uma desigualdade social tão grande. Ainda que a maioria seja favorável a portabilidade, mesmo entre quem possui menos estudo”, diz Medeiros, lembrando que o levantamento aponta que 63% dos entrevistados com até o quarto ano do ensino fundamental completo apoiam a oportunidade de poder escolher seu fornecedor de energia, porém, quando considerado o público com ensino superior completo, o número chega a 87%.

Em todas as regiões, o preço é o principal atrativo para a mudança na fornecedora de energia. No Sudeste e Sul, em segundo lugar ficou a busca por energias mais limpas, nas demais, a qualidade do atendimento. No centro-oeste estão os entrevistados que mais gostariam de criar sua própria eletricidade, com 94%, já no Sul e Nordeste o número é 6 pontos percentuais menor.

Caso fosse implantando um mercado livre, na qual o consumidor pode escolher a sua fornecedora de energia, 63% dos entrevistados neste ano afirmaram que mudariam de empresa, sendo o preço da energia o maior motivo para a troca.

Uma alternativa que pode não trazer bons resultados no Brasil, onde crises e problemas de geração geram constante inflação no preço da energia, como os novos aumentos gerados pela pandemia.

A solução garantida continua sendo gerar a própria energia em casa, uma vontade de 90% dos entrevistados neste ano, 13 pontos percentuais maior que o resultado da pesquisa em 2014.

Para Rodrigo Sauaia, CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o motivo deste forte interesse dos consumidores está ligado a três fatores fundamentais: a redução dos preços do kit fotovoltaico, a inflação das tarifas de eletricidade e uma crescente consciência dos brasileiros sobre temas econômicos e de sustentabilidade.

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