O crescimento da energia solar no Brasil: Cenário atual e perspectivas para o futuro

O crescimento da energia solar no Brasil: Cenário atual e perspectivas para o futuro

A energia solar cresce de forma contínua e sólida no Brasil. Segundo dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a Geração Distribuída (GD) tem crescido a uma taxa média de 230% ao ano em todo o país. Esse crescimento é ainda mais expressivo se analisado o período de 2019 até agora, quando o Brasil passou de apenas 1 GW de potência instalada de GD proveniente de fonte solar para 3 GW, em junho deste ano, compondo atualmente 99,8 % de toda a potência instalada na GD. Esse volume de instalações de geração distribuída gerou um investimento de 15,16 bilhões de reais acumulados desde 2012 em sistemas fotovoltaicos de micro e minigeração distribuída.

O mesmo crescimento tem sido observado para a Geração Centralizada (GC), onde o país já registra uma potência instalada de aproximadamente 3 GW, correspondendo a 1,6 % da matriz elétrica brasileira. De acordo com a ABSOLAR, outros 4,6 GW já foram contratados em leilões de energia que entrarão em operação até 2025, gerando um montante de investimentos de 25,8 bilhões de reais em projetos já contratados em leilões de energia. Esses números, levaram o Brasil a entrar para lista dos 20 países com maior capacidade instalada operacional em sistemas fotovoltaicos, ocupando a 16° posição no ranking.

Todo esse crescimento gerou aproximadamente 180 mil empregos desde 2012, movimentando recursos públicos e privados que continuam a impulsionar o uso da fonte solar. De acordo com estudos da ABSOLAR, existe a expectativa de geração de mais de 672 mil novos empregos, diretos e indiretos, somente nos segmentos relacionados a GD até 2035. Segundo dados da IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), no mundo, a fonte solar já é a que mais emprega dentre as energias renováveis.

Além disso, a crescente evolução da tecnologia associada aos principais itens componentes do sistema fotovoltaico e consequente redução do MWh gerado por usinas fotovoltaicas vem tornando a fonte cada vez mais competitiva em todo o mundo.

Sistemas fotovoltaicos permitem a geração de energia de forma descentralizada por consumidores que antes apenas consumiam energia, e agora atuam como geradores. Isso cria a necessidade de fortalecer os sistemas de distribuição, tornando-os mais inteligentes e aptos a identificar o estado dos múltiplos pontos de geração de energia, agora, descentralizados. O crescimento da energia solar certamente vai proporcionar uma melhoria expressiva das redes de distribuição, proporcionando maior inteligência, melhor resposta a demanda, redução de perdas técnicas e aumento da qualidade de energia.

O crescimento do setor de geração de energia solar no Brasil é sem dúvidas bastante promissor. Ainda existem alguns pontos de incerteza quanto ao caminho que será seguido em relação a política de taxação do setor no futuro, discussão que hoje é centralizada na proposta de modificação da Resolução Normativa 482/2012 pela ANEEL. Outro ponto de incerteza é referido ao posicionamento do governo frente as taxas de importação aos itens componentes do sistema. Uma política justa de taxação pode proporcionar um crescimento a uma taxa ainda maior para o setor, tendo em vista a viabilidade de investimentos internos e externos a projetos solares fotovoltaicos em uma nação que possui condições privilegiadas em relação a índices de radiação e disponibilidade de terra para construção de novas usinas.

O cenário atual é de crescimento, e o Brasil tem dado sinais de sua preparação não apenas tecnológica, mas também jurídica e tributária para se tornar uma nação cada vez dependente da fonte solar. O futuro é solar, sustentável e inteligente.

Raphael Perci Santiago
Engenheiro Eletricista
Especialista em Sistemas Fotovoltaicos de Geração de Energia
Professor – SolarOn Treinamentos

Posts Recentes